08 abril, 2013

Os tempos que vivemos já não são de incerteza, mas de urgência. Urgência de humanidade. Sempre o foram.

Construímos ou ajudamos a construir sistemas económicos e políticos que acentuam as desigualdades sociais, o empobrecimento generalizado e insistimos em continuá-los e perpetuá-los até à exaustão. Tentamos procurar soluções partindo das mesmas premissas que nos trouxeram até aqui. A teoria económica dominante fracassou, mas o mito da recuperação económica prevalece.

Andamos em círculo atrás de nós próprios até cansar e esvaziar a vontade, esperamos por Godot como na obra teatral de Samuel Becket. O absurdo, como no teatro. Somos atores/espectadores duma tragicomédia como se a vida fosse mais visível no teatro.
Uma catarse purificadora e libertadora.

É desconcertante como o teatro aprofunda a nossa consciência da condição humana e se revela como um espaço de reflexão perturbadora do que somos e para onde vamos. Uma aula sublime.

As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade, como refere Victor Hugo, e em cena incendeiam o nosso espírito. Somos por natureza inquietos e o teatro desperta-nos os sentidos e o pensamento. O teatro surpreende de forma desconcertante o espectador incauto, subtrai-lhe um olhar de espanto e põe a nu o mistério da vida.

É nas palmas que encontra a sua força e na sua natureza a insubmissão.

O teatro da participação cívica, da transfiguração estética. O Teatro determinado, interventivo que não deixa o espectador indiferente a uma sociedade doente dos seus medos, das suas fraquezas, da sua brutalidade e do seu ódio. O teatro inconformado com os poderes e o vazio das nossas vidas. O Teatro bobo que ri de tudo e de todos, até de si próprio.

Então, a única solução para a crise está na esperança de que uma grande "expulsão" seja organizada contra nós e, especialmente, contra os jovens que desejam aprender a arte do teatro: a diáspora nova de comediantes, de fabricantes de teatro, que, certamente, a partir de tal imposição, terão benefícios inimagináveis para uma nova representação. In Mensagem do Dia Mundial do Teatro, 2013. Dario Fo

Hoje há teatro aqui perto de nós. Até já
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A Expressão Dramática e o Teatro são fundamentais na escola, pela riqueza pluridisciplinar que encerram e por isso deverão constituir parte integrante da educação de todos.
As vivências, o desafio e a experimentação são os instrumentos para o conhecimento dos outros e, através deles, de nós próprios. A nossa identidade depende da capacidade de comunicação como um elo que nos mantém vivos e interativos. Por isso, o jogo e as técnicas teatrais podem surgir como um recurso inesgotável de uma aprendizagem viva e funcional e contribuir para o desenvolvimento harmonioso do indivíduo como ser social e cooperante.
É nesta perspetiva que se impõe um maior investimento na formação artística nas nossas escolas de forma a enriquecer o conhecimento num espaço de experimentação e inovação como é a Expressão Dramática e o Teatro.
A Escola não pode dissociar o conhecimento científico da criatividade e da imaginação não é isso que interessa à formação para uma sociedade futura. Não se deve marginalizar as expressões artísticas dum conceito global de Escola.
Hoje é um dado adquirido que as atividades dramáticas estimulam o pensar e o agir criativamente. A Expressão Dramática e o Teatro contribuem para o desenvolvimento pessoal e social dos jovens, fomentam a autonomia e autoconfiança, despertam o sentido crítico, educam para os valores estéticos e artísticos e desenvolvem atitudes e comportamentos baseados na entreajuda, espírito de grupo e respeito pela diferença, tão necessários ao exercício da cidadania.
Temos de encarar a Expressão Dramática e o Teatro enquanto atividades lúdicas, artísticas e pedagógicas, como fontes potenciadoras das capacidades criativas.
É preciso refletir e implementar um modelo de sistema de ensino que esteja em sintonia com a nossa realidade social e a nossa dinâmica. Quem não se questiona não evolui e o Teatro é o espaço privilegiado para alicerçar a escola da vida.
Mais teatro, mais educação.
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Enquanto decorre o processo de avaliação de candidaturas das companhias de teatro aos apoios financeiros do estado através da Dgartes, algumas desesperam e outras sucumbem. O estrangulamento financeiro imposto, à sombra duma crise que tudo justifica, ameaça destruir pouco a pouco o tecido criativo colocando-o muito abaixo do nível de subsistência.
O afunilamento na distribuição dos dinheiros públicos para o teatro tem vindo nos últimos anos a concentrar os referidos apoios em produções mais institucionais em detrimento da produção independente. É o poder local que, um pouco por todo o país, vem a colmatar a desresponsabilização do governo nesta matéria ao apoiar projetos e estruturas teatrais que, em alguns casos, têm o reconhecimento internacional pela qualidade artística que apresentam.
Parafraseando Manuel Gusmão, professor universitário - “Esta desresponsabilização traduz-se na destruição e perversão do princípio de serviço público e na asfixia financeira do sector, provocada pelo subfinanciamento crónico. No desmantelamento, redução, e desqualificação dos serviços; na centralização e agregação burocrática das instituições; na secundarização e esvaziamento de objetivos”. In É preciso travar o caminho de desastre na política cultural.
Mais do que uma questão económica é uma questão ideológica, pois quem nos governa estigmatiza a cultura e o teatro em particular como algo assessório e um privilégio de elites. Os 0,11% do orçamento do estado para a cultura anunciados pelo governo afastam-se cada vez mais das orientações da UNESCO que apontam para uma aproximação de 1% do PIB.
A austeridade imposta ao teatro e à cultura em geral por uma crise que teve origem precisamente na especulação financeira, destrói a dinâmica de desenvolvimento social do país e torna-nos individual e coletivamente mais fracos na construção de uma democracia avançada.
Os direitos e deveres culturais estão consignados na Constituição da República no Artigo 78.º - (Fruição e criação cultural). É preciso não esquecer.
Pareceres e recomendações do Concelho Nacional de Educação sobre educação artística, um contributo para uma efetiva reforma do estado na área do ensino.
"Nesta recomendação opta -se pela designação de “educação artística” para acentuar uma visão abrangente que integre a aprendizagem das linguagens específicas (artes plásticas, música, dança, teatro, cinema, artes digitais.), numa perspetiva que valorize a criatividade, a comunicação e o conhecimento do próprio património artístico, histórico e contemporâneo. Trata-se aqui exclusivamente das aprendizagens artísticas que deverão constituir parte integrante da educação de todos e não do ensino artístico especializado que o sistema educativo também deve proporcionar mas que não é objeto desta recomendação.” In Recomendação nº1/2013. Recomendação sobre Educação Artística. Diário da República, 2ª série, nº19, 28/01/13.
http://dre.pt/pdf2sdip/2013/01/019000000/0427004273.pdf
Os tempos controversos que vivemos são de mudança e oportunidade para uma sociedade culta e plural em Portugal, basta unir vontades e criar sinergias.

A Academia de Dança Contemporânea de Setúbal (ADCS) foi fundada em 1982 por Maria Bessa e António Rodrigues, que a dirigiram até 2003.
Esta instituição de utilidade pública é desde 1986, a primeira academia de dança oficialmente reconhecida pelo Ministério da Educação que a patrocina. Conta também com o apoio e patrocínio da Câmara Municipal de Setúbal desde a sua fundação.
O ensino na Academia tem como principais objetivos a educação pelo movimento, promovendo nos seus alunos uma intensa ligação à atividade cénica através de apresentações públicas da escola e da Pequena Companhia/ Little Company, estrutura similar a uma companhia de dança profissional.
A visão fracionada e especializada do mundo é resultado duma sociedade em que os valores e as emoções não podem interferir no processo de produção. O indivíduo passa a ter uma visão parcial do mundo e portanto uma visão parcial de si mesmo.
A escola tem dificuldade em contrariar esta realidade, os saberes científicos dominam as matérias escolares, separa-se a razão dos sentimentos e das emoções e a sua valorização tradicional na escola levantam algumas questões de carácter pedagógico e formativo que me preocupam como formador e como artista. Na verdade, não há saberes mais ou menos importantes.
A escola, enquanto espaço de socialização estrutural, deve valorizar as artes e conciliar os saberes escolares com as vivências e os afetos, tão importantes para a construção do homem novo.
Podemos imaginar uma escola de cumplicidade, experimentação, desafio e reflexão que desperte o sentido crítico e torne os jovens mais autónomos e intervenientes.
É preciso continuar a questionar os modelos tradicionais de ensino, a função social da escola e encontrar modos plurais alternativos orientados para a formação de públicos culturais.
As artes são um espaço interessante de análise e observação das relações humanas porque privilegiam o diálogo e valorizam as diferenças, daí a importância da sua inclusão efetiva na prática pedagógica, nos diversos graus de ensino, sem que isso constitua um fardo para a escola e para o estado.
Não há reforma do estado sem investimento na educação artística e na cultura.
As pessoas em primeiro lugar.
http://parlamentoglobal.sic.sapo.pt/102181.html
 
Relembrar a descentralização teatral, um dos acontecimentos mais importantes para a cultura e o teatro em particular no Portugal pós-25 de Abril, é homenagear todos os seus protagonistas destacando, entre muitos, nomes como os de Mário Barradas, Carlos César e Joaquim Benite.
A partir de 1975 em Évora, Setúbal, Portalegre, Caldas da Rainha, Viana do Castelo, Faro, Coimbra,Tondela e Almada, entre outras, surgiram as primeiras unidades de produção teatral que vieram a resultar num conjunto assinalável de estruturas de teatro profissional em todo o país e que hoje, apesar de ameaçadas por falta de apoios e por uma política cultural desastrada e refém de uma cegueira economicista, constituem uma rede de produção artística e um património cultural de valor inestimável.
É urgente que subsistam às contrariedades e sobretudo à ignorância porque a democracia precisa do teatro e dos seus criadores. No teatro somos livres de escolher o nosso caminho e perdermo-nos nos universos ali construídos.
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17 abril, 2012


36 ANOS DE TEATRO COM TODAS AS EMOÇÕES DA VIDA.

30 março, 2012


Descentralizar e criar o gosto generalizado pela arte imaginária que desperta os sentidos e nos torna melhores seres humanos, foi o que moveu Carlos César.
Encorajou no sonho e na utopia aqueles que hoje continuam o seu legado no teatro.

05 março, 2012


PANDORA BOXE
Rui Zink
TAS

Era uma vez uma mulher e um homem que sonharam com "o amor e uma cabana". Há sonhos que convém rezar para que não se tornem realidade...

06 junho, 2011

ZangTungZaf
TAS
Performance sobre o movimento Futurista

09 dezembro, 2010


(...)Na natureza do teatro – ou, de um modo geral, da poesia – está a insubmissão. A arte teatral, como as outras, é um longo diálogo que preenche uma vida e necessita de muitas vidas em várias gerações para se desenvolver. As interrupções bruscas deste diálogo e as perturbações que os parâmetros que se pretende impor à liberdade criativa determinam, constituem a consequência mais desastrosa para o País e para as futuras gerações, pois afectam a independência da criação.(...)
Joaquim Benite

27 setembro, 2010


Foto de José Santos
TAS / Teatro de Bolso, Setúbal

Alguém que vagamente conhecem morre, mas quão real e profunda é a perda? Quem é ele? Uma imagem nas alturas do ar relampejante. Nem isso, sequer.Um conjunto de unidades que formam unidades, pixeis que dão origem a um rosto no ecrã.

Don DeLillo, Valparaíso.